Archive for the Reflexões Category

Nascimento

Posted in Reflexões on 12:16 11/04 by PB Produções

Para o teu aniversário
o céu se arrumou inteiro
estrelas escreveram teu nome,
cometas construíram um caminho
com poeira de luz
para que o teu destino,
carruagem carregada de sonhos,
pudesse passar.

Para o teu nascimento
os anjos inventaram palavras
nunca pronunciadas,
e os jardins secretos
fabricaram flores desconhecidas.

Para o teu nascimento
o universo inteiro
desfraldou suas velas.

Roseana Murray

Sou mãe, e basta.

Posted in Reflexões on 20:41 08/04 by PB Produções

Tenho ganas de escrever, mas, como se não houvesse como dizer, me faltam as palavras.

É tudo novo de uma maneira diferente.

Perdi muita coisa nestes últimos dias: a saber, a minha inocência, a minha irresponsabilidade, a minha infantilidade, a minha indecisão.

Substituí por doses, em quantidade de overdose, de muita ternura por alguém que acabei de conhecer, mas que sempre esteve aqui.

Chama-se Bárbara, tem 4 dias de vida e é a mais serelepe das menininhas.

Olhos espertos de um azul que, provavelmente, mudarão de cor.

Mãozinhas magras e ágeis que agarram meus dedos como se ali encontrassem seu porto seguro. E é.

Quanto te esperei, quanto te busquei, sem nem ao menos saber que de ti necessitava.

Passei toda uma vida tentando chegar a algum lugar que nem eu mesma sabia onde era e se existia e, se, uma vez chegando lá, seria capaz de ser feliz.

Cantarolava, “que esta vontade de ir embora se transforme na paz que eu tanto preciso”, e, com olhar perdido, mudava de planos e buscava projetos que nunca eram suficientemente grandes.

Não há, pela primeira vez, outro lugar onde eu queira estar. Com a certeza de que não há nada mais importante para se fazer em todo o universo, a observo dormir. De repente, um sobressalto, lembrança, quiçá, de uma porta batendo.

E choro, pela primeira vez em anos, por algo que realmente importa.

Descubro a sensação inebriante de lacrimejar até a exaustão por estar feliz, só feliz.

Não há uma troca aqui, um chorar por partir para algo melhor, deixando qualquer coisa para trás. Sinto completo, tenho, enfim, o amor incondicional.

Por ela choro, por ela rio, dela já me orgulho, para ela e com ela faço planos de grandeza. Eu que nunca mereci tanto.

Por ela me preocupo e temo, faço projetos com o objetivo de protegê-la, construo muralhas.

Nasceu, fez, enfim sua estreia, iluminou e deu sentido para toda a minha existência.

Dorme serena, pequenina princesa, porque este mundo é pequeno demais para ti.

Hoje, sou mãe, e basta.

Por Vanda Moraes

Procura-se

Posted in Reflexões on 16:42 10/02 by PB Produções

Aqueles, que assim como eu, têm a honra de ser habitantes da “capital ecológica” paranaense vão saber do que estou falando.

Basta andar pelo centro de Curitiba e o indivíduo se depara com um infindável número de anúncios nos postes, nas paredes dos prédios, nas estátuas: vende-se móveis usados, vende-se carros, vende-se imóveis, vende-se computadores e violões, procura-se animal perdido, procura-se pessoa perdida, aluga-se quartos, quitinetes, divide-se apartamento, contrata-se, procura-se emprego, vende-se o corpo…

Apesar de que no caso do corpo, não se trata exatamente de uma venda, mas, antes, de um empréstimo, por um espaço de tempo determinado e um preço pré-definido. Como afirma, sabiamente, a personagem principal de Dr. House (sim, aquele seriado da TV americana), “é tudo sobre sexo, sobre dinheiro, ou sobre sexo por dinheiro”. Nada a acrescentar.

Dias desses, eu passava pela Praça Tiradentes no centro da nossa ensolarada/nublada/chuvosa/quente/fria cidade, quando me despertou a atenção, um destes anúncios aos quais me referia:

“Procura-se senhor para dividir apartamento, que não use drogas, pode ser aposentado”.

Que não use drogas?, penso eu. Gozado.

Porque isso de ser drogado é coisa dessa juventude que ainda não aprendeu que a vida pode ser linda se vivida com responsabilidade.

Os senhores são, no máximo, alcoólatras. Ou fumam, e quando digo “fumam”, me refiro ao bom e velho tabaco, que também faz muito mal, mas compra-se na banquinha de revistas.

Drogas legais, sim senhor. E há quem sustente que as pessoas eram bem mais felizes quando não contavam calorias, comiam a gordura do bacon no café-da-manhã e a pele do frango no almoço. E fumavam. O fato é que o politicamente correto venceu: há que ser saudável, portanto.

Refletindo a respeito do anúncio, me dei conta que os jovens que cantavam “era um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones”, hoje não são tão garotos assim e que eles é que chegaram à conclusão  que a vida fica bem mais divertida se tiver sexo, drogas e rock and roll.

O anúncio procurava alguém para dividir apartamento. Eu procurava sentido para continuar vivendo em um mundo em que os senhores usam drogas e que a juventude nem sabe o porquê de não usar.

Procura-se…

Por Vanda Moraes

E o que resta?

Posted in Reflexões on 11:54 10/02 by PB Produções

E o que resta?


Aquele gostinho de festa regada a brigadeiro e refrigerante em copo de plástico;

Aquele ar de felicidade quando chega o sábado e é hora de ir dormir na vó;

Aquele medo gostoso do 1º dia de aula, quando não se consegue dormir de ansiedade;

Aquele tomar banho de rio, sem se preocupar em mostrar os seios;

Aquele arrepio na espinha quando se acorda de madrugada depois de ver um filme de terror;

Aquele chorar despreocupado porque o pai do Simba morreu…

Resta?

Isso é o que faz de um indivíduo mais vivo, mais ele, mais completo.

Não tenho saudade, é parte de mim… Estou, sou.

Por Vanda Moraes

Parte de mim?

Posted in Reflexões on 16:24 12/11 by PB Produções

De repente sinto-te, um corpo estranho inserido em um corpo por mim muito conhecido, meu mesmo,

E, secretamente te escondo até de mim e minto e finjo e ajo como se tudo não fosse aqui

Os medos não são de mudanças que certamente acontecerão, não

São daquelas que já não podem acontecer. Eu mesma nada mudei, nada escolhi, nada fiz

Você, assim sem nenhum de nós ter percebido, se apropriou da minha inocência, do meu direito de errar, do meu medo, da minha lágrima, porventura ainda tenho este direito muito meu de lacrimejar murmúrios?

De repente sinto-te: explosão

De sentimentos, de dúvidas, de hormônios

Agora, que não sou mais apenas eu, porque, sim, você vai aonde eu vou (e só aonde eu vou), como posso me sentir tão só?

Não te vejo, não te ouço, não te conheço, mas te sei aqui todo o tempo

Me pega pela mão? Estranho ao meu mundo, parte de mim

Sobre qualidade de vida

Posted in Reflexões on 14:54 27/05 by PB Produções

Não sou daqui.

A bem da verdade é que nasci nesta cidade, bem ali no Hospital Evangélico, mas passei toda a infância “ciganeando” pelo sudoeste do Paraná já que o meu pai nunca conseguiu ficar muito tempo em um mesmo lugar.

Ir embora, portanto, é sempre uma constante em meu pensamento. Mas não é disso que quero falar.

Dizia, enfim, que não sou daqui. Quando decidi sair do sítio lá pras bandas de Coronel Vivida, cidadezinha pacata, mas muy hermosa, e vir para a “cidade grande”, não havia muito o que eu pudesse dizer sobre a capital.

Sabia que existiam uns esquisitos pontos de ônibus chamados “tubo”.

Até aí, tudo bem, cada um que coloque o nome que lhe aprouver na sua parada de ônibus.

Mas o ponto de ônibus ser redondo?

Eu me quedava imaginado como as pessoas ficavam em pé dentro dessas aberrações da natureza, questão boba, aliás.

Interessante é o fato de que, na época, o que me intrigava eram os pontos de ônibus redondos.

Não me chamava muito a atenção os cartões postais, as óperas de arames, os jardins botânicos.

Nem mesmo a qualidade de vida superior que a cidade oferecia foi determinante para a minha escolha.

Queria mesmo era morar na cidade grande e as aventuras que isso representava.

Quando aqui cheguei não achei tão superior no quesito qualidade: o ar é poluído, tem muitos carros e as ruas são sujinhas, sim. Então você me diz: “É a capital mais limpa do país e onde há planejamento do transporte público”.

Elementar, meu caro. Eu não conhecia nenhuma outra capital para comparar e a cidade era bem mais suja do que Coronel Vivida…

Já, sobre os problemas do transporte público, nem me atrevo a falar.

O fato é que não vim para Curitiba por causa da qualidade de vida.

Mas, penso comigo que muitos outros a escolheram por isso.

Não quero dizer que é ruim a migração de pessoas de todo os lugares do Brasil para cá em busca de um ideal de vida em uma cidade que, apesar, de metrópole, é bem planejada e na qual, em tese, as coisas funcionam.

Longe disso, eu também sou migrante.

Todavia, será que o fato de tantas pessoas terem vindo em busca da qualidade de vida não foi determinante para que já não seja tão qualidade assim nestes anos escuros de engarrafamentos monstros, stress no trânsito e ônibus super lotados?

Fica a dúvida.

Por Vanda Moraes

Jornalista Especializado em 40 horas?

Posted in Reflexões on 09:56 19/05 by PB Produções
Em 40 horas, forma-se um jornalista especializado? Pergunte ao Centro Europeu!
 
É simplesmente deplorável que o Centro Europeu, escola que oferece cursos de profissões e idiomas em Curitiba, lance a idéia de que, mediante adestramento de 40 horas, pessoas sem formação em Jornalismo tornem-se jornalistas especializados.
 
Pois é isto o que é proposto no curso Jornalismo Esportivo, que a instituição pretende ofertar em junho para pessoas quem tenham a partir do ensino médio.
 
 
 
 
“Nesse mercado competitivo, onde para exercer a profissão não e (sic) necessário ter diploma de faculdade, e (sic) fundamental ter cada vez mais conhecimento, formação específica, criatividade e ética”, diz o informe no site do Centro Europeu.
 
Se 40 horas são insuficientes para desenvolver a técnica, o que dizer da ética? Parece que a caneta de Gilmar Mendes – que parecia tão hábil em espicaçar diplomas universitários – caiu muito bem para diplomas de 40 horas, fabricados na indústria das ilusões.
 
Uma lástima, Centro Europeu!
 
Do Boletim Extra Pauta
Sindijor-PR

O Bom

Posted in Reflexões on 13:51 30/03 by PB Produções

Os bons morrem cedo. Já é uma regra.

Por vezes, porém, algum Bom não se resigna com a morte certa e decide lutar. Por treze anos.

Ontem, dia 29 de março de 2011, o destino se fez: José de Alencar sucumbiu ao câncer contra o qual pelejava desde 1997.

Aos 79 anos, já debilitado (e muito), pela longa enfermidade, foi-se. O médico já dizia, às 14:31 que o ex-vice-presidente do Brasil, se preparava para partir.

Dez minutos mais tarde, era oficial: o povo brasileiro perdeu um dos últimos, senão o derradeiro, dos políticos que prezam pela honra antes dos benefícios pessoais.

Era um dos últimos daquela safra que fez com que os nossos pais lutassem contra a ditadura militar, que fez com que milhões de estudantes fossem às ruas com a cara pintada de cores bem patriotas.

Ao contrário daqueles que fazem da política uma carreira profissional, o empresário José de Alencar militou não mais que 12 anos nesta área, onde começou tardiamente.

Já em 1998, quando da primeira eleição para a vice-presidência do Brasil, dizia, ao lado de Lula: “o trabalho vem antes do capital. Precisamos redescobrir o valor do trabalho”. Não acrescentou, na ocasião, o adjetivo “honesto”, mas poderia ter dito para chacoalhar os colegas da política.

Disse também: “Assim como vocês, não conheço a morte, portanto não tenho medo dela. Tenho medo da desonra”. Não precisava: era honrado.

José de Alencar, respeitado pelo que dizia e pela sua conduta política deixou como exemplo a moralidade.

Foi um dos últimos que honrou o voto der milhões de pessoas e não sucumbiu à corrupção do poder público.

Que descanse em paz, certamente deixará saudades.

By Vanda Moraes

Era Natal

Posted in Reflexões on 11:06 16/12 by PB Produções

Galerinha do meu coração: o que foi feito dos meus vinte anos?

“Onde foi que perdi a minha pele de pêssego?”

“E as pernas torneadas e a cinturinha de violão?”

“E ele, aquele soldado lindo de sorriso azul?”

» ‘Eu fui dormir mais tarde um pouco’,  acordei com medo de não ter mais medo de trovão, de não mais querer algodão doce”

“De não mais sorrir com ares de sabida quando concluir que o tio brincalhão vestido de vermelho no natal é um ajudante do Papai Noel…”

“De não mais acordar deste sonho monótono e triste que as pessoas responsáveis elegem seriamente como responsabilidade”

“Galerinha do meu coração: o que significa esta saudade de um tempo que nunca vivi?”

“E este medo de não mais ter medo?”

“ E, alguém aí: as músicas de natal?”

“Vou me recolher ao meu sítio, aquele que construí dentro do armário do quarto de brincar e, secretamente, serei criança e sorridente e feliz”

“E, sorrirei com ares de sabida, quando alguém perceber que a vida não passa ora de risadas um tanto tristonhas ora gargalhadas de contentamento”

Por Vanda Moraes

Tenho medos (assim mesmo no plural), mas, o singular sempre me basta

Posted in Reflexões on 12:47 03/11 by PB Produções

«Liberdade? o que eu quero e, sobretudo, aquilo de que sempre preciso, ainda não o conheci»

«Não tem nome, e o meu sentimento/pensamento árido está posto no vale das trevas»