Sou mãe, e basta.

Tenho ganas de escrever, mas, como se não houvesse como dizer, me faltam as palavras.

É tudo novo de uma maneira diferente.

Perdi muita coisa nestes últimos dias: a saber, a minha inocência, a minha irresponsabilidade, a minha infantilidade, a minha indecisão.

Substituí por doses, em quantidade de overdose, de muita ternura por alguém que acabei de conhecer, mas que sempre esteve aqui.

Chama-se Bárbara, tem 4 dias de vida e é a mais serelepe das menininhas.

Olhos espertos de um azul que, provavelmente, mudarão de cor.

Mãozinhas magras e ágeis que agarram meus dedos como se ali encontrassem seu porto seguro. E é.

Quanto te esperei, quanto te busquei, sem nem ao menos saber que de ti necessitava.

Passei toda uma vida tentando chegar a algum lugar que nem eu mesma sabia onde era e se existia e, se, uma vez chegando lá, seria capaz de ser feliz.

Cantarolava, “que esta vontade de ir embora se transforme na paz que eu tanto preciso”, e, com olhar perdido, mudava de planos e buscava projetos que nunca eram suficientemente grandes.

Não há, pela primeira vez, outro lugar onde eu queira estar. Com a certeza de que não há nada mais importante para se fazer em todo o universo, a observo dormir. De repente, um sobressalto, lembrança, quiçá, de uma porta batendo.

E choro, pela primeira vez em anos, por algo que realmente importa.

Descubro a sensação inebriante de lacrimejar até a exaustão por estar feliz, só feliz.

Não há uma troca aqui, um chorar por partir para algo melhor, deixando qualquer coisa para trás. Sinto completo, tenho, enfim, o amor incondicional.

Por ela choro, por ela rio, dela já me orgulho, para ela e com ela faço planos de grandeza. Eu que nunca mereci tanto.

Por ela me preocupo e temo, faço projetos com o objetivo de protegê-la, construo muralhas.

Nasceu, fez, enfim sua estreia, iluminou e deu sentido para toda a minha existência.

Dorme serena, pequenina princesa, porque este mundo é pequeno demais para ti.

Hoje, sou mãe, e basta.

Por Vanda Moraes

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